Por Martha Mendes
As emoções em estado negativo impedem você de realizar o que deseja, criam medo. Lutar para superar as negatividades, muitas vezes, as torna mais potentes, tão potentes que se apoderam de você, da sua musculatura, cria tensões e interrompe o fluxo natural de sua força vital, enfraquecendo a sua vontade e fazendo com que as lentes pelas quais você vê o mundo se tornem opacas. Daí tudo perde a graça.
É importante você perceber a emoção no estado negativo e procurar o que o deixa nessas condições. É comum deixar a raiva vir à tona e, em seguida, começar a negá-la.
Por incrível que pareça, muitos acreditam que sentir raiva é pecado, feio, desprezível. Então, lhe pergunto: “Alguém ensinou você a sentir raiva?”. Não, decididamente ninguém lhe ensinou a ter esse sentimento. Você já nasceu com essa capacidade. Sua primeira manifestação de raiva foi ao nascer. Você saiu do quentinho, do aconchego da barriga de sua mãe e teve de passar frio, ver luzes, escutar um mundaréu de gente falando, e ainda por cima lhe deram uma palmada no bumbum…
A raiva faz parte da vida. É ela que permite saber o que é bom ou ruim, o que você gosta ou não, que te auxilia nas tomadas decisões e a se posicionar diante de algumas situações da vida. Ela faz parte do seu mecanismo de sobrevivência. Entretanto, quando ela fica perdida dentro de você, sem direção, se transforma em ira ou cólera, provocando um grande estrago e, muitas vezes, originando doenças, tirando a sua paz.
Observe: o que lhe deixa com raiva? A raiva que você sente é proporcional ao fato que a desencadeia? Quais são as sensações que ela produz em seu corpo? Dores, tremores? Que pensamentos surgem em sua mente no auge de sua raiva? Muito bem, você está começando a conhecer o percurso de sua raiva, e isso é muito importante. Ao se conhecer, você terá uma ação efetiva, e não uma reação diante de situações que exigem de você discernimento.
Quando se tem discernimento, a energia flui, conectando todos as suas habilidades como se fosse um banco de dados: há a expansão da sua compreensão e, assim, fica muito mais fácil realizar o que deseja.
Somente pensar, desejar não significa poder. É preciso assumir o poder sobre você mesmo para que haja conexão entre as suas forças.
Encontrar a causa de seu desequilíbrio é a garantia de recuperação de sua energia.
Você deve estar se perguntando: “Como iniciar o processo de autoconhecimento?”.
Simples: comece a se observar quando for contrariado. Como reage? Quais são os pensamentos, emoções e sensações do momento? Que impressão você tem da situação? Sua reação é proporcional ao fato?
Veja como isso acontece de forma simples e prática. Sinta seu corpo. Procure se lembrar de uma situação que provocou tensão, lhe fez sentir raiva e outras emoções que causam má impressão. Perceba se há desconforto em seu corpo, se existe algum ponto de tensão ou fraqueza… Inspire e leve o ar até este ponto. Observando a si mesmo, reveja o que o deixou nessas condições, veja o que de fato aconteceu. Procure enxergar a situação como um expectador…
Esse é um de seus recursos internos, que se encontrava em um espaço muitas vezes bloqueado. Esse é o seu EU OBSERVADOR. Observador porque permite que você olhe para a situação de fora. Chamo isso de DESENVOLVER, ou seja, sair do envolvimento emocional e perceber o que de fato existe.
Você perceberá que existe algo de diferente na situação, mas que no exato momento em que ela acontecia, por estar tão envolvido, você não viu.
O eu observador favorece a tomada de decisões adequadas e faz com que você se liberte. Quanto mais espaços você puder desbloquear, mais liberto você fica.
Mario Quintana, poeta e jornalista brasileiro, dizia: “O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente”. Às vezes, aparentemente nos esquecemos de fatos que trouxeram raiva, tristeza, decepção; as emoções vão se alojando devagarinho até que saia da tela mental, mas continuam vibrando, ressoando, ressentidas em cada cantinho seu.
Não se julgue. Seja seu melhor amigo. Condenar-se é impor-se ao sofrimento desnecessário.
Conhecer-se é despertar o sagrado que há dentro de si. E o sagrado independe de crenças religiosas. O despertar do sagrado é a fé que se traduz em confiança em si e no fluxo da vida. Quanto maior for a disponibilidade de olhar para dentro, mais eficazes se tornam as habilidades divinas impressas no Ser.
Deus quer ver o seu processo de evolução. A autocondenação lhe impõe punições que geram insatisfação, distanciando você da sua própria luz.
Gosto muito desse pensamento de Jung: “O pêndulo da mente se alterna entre perceber e não perceber, e não entre certo e errado”. O autojulgamento é diferente do discernimento. No autojulgamento existe cobrança; no discernimento existe a consciência da escolha adequada, o que lhe favorece ir em frente rumo ao autoaperfeiçoamento.
Não se cobre por não ter consciência, busque obtê-la.
Pensamentos, emoções e sensações influenciam, de maneira direta, as células do corpo e, como se fossem arquivos de computador, guardam o histórico das crenças, reagindo ao menor comando contrário ao que elas acreditam.
Sufocados, viciados por velhos padrões e velhas crenças, nos colocamos como vítimas de nossas próprias armadilhas. Vivemos em guerra com as informações que obtemos e com o desconhecido que habita em nós. Geralmente, temos de lidar com contradições e ambiguidades: “Como posso me afastar das pessoas, viver isolado, se meu maior medo é a solidão?”.
Quanto mais mexemos nos “arquivos” sem o devido conhecimento do que lá existe, mais travas o sistema cria, dando espaço para a sensação de abandono seguida da mensagem: “desista!”.
O sentido da divindade e do sagrado na vida desabrocha em potencialidades, possibilidades de renovação, transformação e realização. Em algum momento, o autoconhecimento e a autotranscendência nos chama para olhar para dentro da gente, ter consciência do desconhecido (o inconsciente) e buscar novos horizontes… É o processo de evolução espiritual.
Então, abra as portas do seu coração e deixe a luz entrar.
A luz que vem do céu é a aspiração do seu espírito, e a luz que vem da terra é o desejo da alma. Juntas, elas formam uma equipe com um administrador dos trabalhos: você.
Coloque-se como observador de si mesmo e perceberá que vários “eus” habitam dentro de você. Conhecer, harmonizar e integrar as diversas energias (subpersonalidades) favorece o autoconhecimento, o encontro com o EU divino e o caminho para a felicidade.
Para Jung, “a ‘felicidade’, por exemplo, é uma realidade importante e não há quem não a deseje; no entanto, não há qualquer critério objetivo para testemunhar a existência indubitável dessa realidade. Ou seja, cada um a experimenta a sua forma”.
E você, o que você entende por felicidade?
SEJA FELIZ AGORA, experimente!
A felicidade está em você e apenas espera que você abra as porta para ela.
MARTHA MENDES
Pedagoga, pós-graduada em psicossomática e psicobiofísica, psicanalista, especialista em Florais de Bach, terapia regressiva, hipnose clínica e ericksoniana. Mestre em bioeletrografia pela IUMAB – International Union of Medical and Applied Bioeletrography in Brazil, presidente do II Congresso Nacional de Terapia Regressiva em São Paulo – 2010. Membro certificado pela EARTH – European Association for Regression Therapy. Autora da filosofia psicobiosofia e escritora.
e-mail: harmoniatc@harmoniatc.pro.br
Texto revisado por Juliana Alexandrino