“Depois de certa altura, a gente traz o cadáver do passado amarrado ao pé. Ou, ao coração. É um cadáver muito sensível. Se o tocam, exala lembranças pelos poros.” Otto Lara Resende – professor, jornalista e escritor (1922-1992)
A vida acontece em um processo crescente, rumo ao aprimoramento pessoal. Tal processo é, muitas vezes, solitário. Decidir-se pelo apoio, neste momento, favorece a autoconsciência.
Crescer representa desapegar-se daquilo que para esta nova alma (espírito reencarnado) não é mais adequado. Então, através da centelha divina presente em cada Ser, o passado se revela com a função de libertação.
O que não é mais adequado a esta nova existência, como os padrões de comportamento, começa a se tornar “inflamado” material, emocional, físico e espiritualmente e, se mal compreendido, dificulta o processo de autorrealização.
O fator pensar e sentir em desarmonia promove o conflito, sendo este uma mobilização bioquímica para que haja ação. Quando desarmônicos, o pensamento e o sentimento entram em conflito. Este conflito é o causador do que chamamos de mobilização bioquímica.
A mobilização bioquímica é a ação dos hormônios (do grego hormon = incitar). Sendo assim, essa reação age intensamente e provoca a transformação do que necessita ser modificado. Mas nem sempre existe a compreensão dos fatos, o que favorece a resistência e a permanência na zona de conforto, postergando o sofrimento. É comum dizer, na tentativa de se convencer, que é um carma (ato x consequência) e que Deus quer assim. Terrível engano!
As investidas do presente e os mecanismos de disparo são o grande chamado do passado, que transmite as lembranças exigindo autoconsciência. Deus proporciona diversos recursos para que o homem se liberte e se desprenda das amarras autoimpostas. Portanto, carma é sinônimo de aprendizado, de oportunidade.
No consultório, observo que cada um cria um mecanismo de sobrevivência, transformando o seu mundo interno e externo em um verdadeiro caos. Por conveniência, muitos aceitam o carma sem questionamentos. Outros aproveitam para se perguntar: “por que/para quê que estou vivendo isso?”. Outros, ainda, por medo, permanecem frustrados e amargurados por toda uma existência. Mas o verdadeiro sentido do carma não é o de sofrimento e, sim, o de se libertar dele.
O psicoterapeuta possui um papel fundamental na organização dos pensamentos, dos sentimentos, das emoções e das sensações que tal carma produz. Por isso é importante ter uma experiência mais profunda como a TVP (Terapia de Vivências Passadas). Caso contrário, se não houver a parceria terapeuta/cliente na busca da organização, corre-se o risco de a experiência ser repleta de conteúdos coletivos, genealógicos (ancestrais) e até mesmo obsessivos, que podem assumir a postura do terapeuta, confundindo ambos. O conteúdo obsessor associa-se ao padrão vibratório secular – o caráter –, padrão de comportamento perpetuado. É através do padrão vibratório que os desafetos do passado se aproximam das experiências do hoje.
Como psicoterapeuta, acredito no comprometimento do cliente no processo de autoconhecimento que o levará a transcender os seus limites e alcançar a autorrealização.
Na TVP, o terapeuta auxilia o cliente a reconhecer, a redescobrir o potencial divino disponível dentro dele e a promover a autolibertação, saindo da zona de conforto (tão sofrida), em busca de uma nova qualidade de vida. Todos têm direito a felicidade, que implica tão somente em estar em paz consigo mesmo.
Ter acesso ao passado, caminhar pelas existências anteriores, requer disposição para reformular o presente, livre de especulações. Integração do passado com o presente exige diferentes ajustes que agem de maneiras distintas, no próprio tempo, ampliando a consciência e entendendo o verdadeiro sentido da vida.
O ser humano possui um EU transpessoal que, em diferentes níveis, desperta para expressar o amor e a vontade de DEUS.
Escolha ser feliz, isso é saúde!
Texto revisado por Juliana Alexandrino