Antes de entrar na questão da terapia regressiva, que responde à pergunta do título, vale pensar na frase de Mario Quintana: “O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente”.
As memórias, situações de imensa alegria ou de extremo desprazer estão arquivadas e impressas em cada célula dos nossos corpos.
O cérebro é capaz de armazenar informações de toda uma existência e, dependendo da carga afetiva que produz, desencadeia uma ciranda bioquímica que altera o funcionamento do sistema corporal, levando o indivíduo do paraíso ao inferno, sendo o inverso também verdadeiro.
Dito isto e pensando nas informações que a história do passado nos revela, mais especificamente o legado do considerado Pai da Medicina – Hipócrates de Cós (ilha da Grécia Antiga onde médicos e terapeutas atuavam, atendendo de forma personalizada o ser humano que adoeceu), constatamos que já naquela época Hipócrates consagrou-se pela habilidade em usar sua sabedoria com amor, interessando-se pela dinâmica da vida de seus pacientes e procurando entender, com base na visão holística, como cada ser/paciente se posicionava diante de sua própria existência. Da observação dos diversos e peculiares sintomas nasceu então o conceito e exercício das clínicas multidisciplinares.
O desequilíbrio era visto sem crendices. Consciente da importância da espiritualidade, Hipócrates afirmou que o adoecer se dava pela desarmonia do indivíduo com o cosmo. Esta ordem de raciocínio/diagnóstico comprova a existência de um ruído desagregador entre o corpo e a alma humana.
A alma necessita de um corpo, via natural de evolução, para se manifestar e se autoaprimorar, independente da escolha religiosa que o indivíduo tenha.
Hipócrates direcionava seus conhecimentos de forma científica, e não de forma supersticiosa, entendendo os humores corporais (bioquímica) e a personalidade. “Tuas forças naturais, as quais estão dentro de ti, serão as que curarão suas doenças”, afirmava ele.
Compreendendo os conceitos de Hipócrates, reporto-me às terapias regressivas, ou Terapias de Vida Passadas (TVP), tema desta matéria.
A hipnose desde a antiguidade era considerada misteriosa e, provavelmente pela desinformação das pessoas, era uma forma de impor uma espécie de poder sobre o outro.
Hoje, graças aos estudos sobre a técnica, posso dizer que a hipnose é uma das formas mais assertivas de o indivíduo se conectar com a própria força.
A hipnose não é o sono profundo, pelo contrário, é estar desperto em um estado em que todos os seus sentidos trabalham em conjunto. É uma verdadeira equipe que trabalha para favorecer o próprio indivíduo.
O terapeuta que utiliza desse recurso deve ter em mente que a hipnose facilita o cliente a manter o foco de atenção, ajudando-o a se concentrar em suas habilidades; habilidades essas que, futuramente, irão auxiliá-lo a encontrar a origem de suas dificuldades/desequilíbrios.
A hipnose não tira a consciência, ela é um dos recursos para a autoconsciência.
É importante que o profissional tenha conhecimentos de neuroanatomia funcional e transpessoal (estados modificados de consciência), o que lhe conferirá segurança em sua atuação.
Cada cliente é um universo e é preciso estar munido de diferentes recursos para auxiliá-lo.
O terapeuta, como já indicava Hipócrates, precisa se informar sobre como o cliente participa efetivamente da vida, encontrando com ele a maior dificuldade. Através da hipnose (transe leve-mediano) é possível acessar um arquivo com memórias onde a origem dessa dificuldade (o motivo que o levou até o consultório) possa ser encontrada e resignificada por ele com a consciência de suas habilidades internas. É a manifestação de seu “curador interno”.
E é simples explicar o “curador interno” se fizermos uma mera comparação com a tecnologia criada pela própria inteligência humana para a ciência da computação. Sabendo que existem nas máquinas as funções restart ou “reparar configurações”, pergunto então: “Como o corpo e a mente humana, máquinas perfeitas em sua concepção, não teriam como acessar essas funções?” Ora, mas é claro que elas têm essa permissão de acesso! São acessos realizados através do curador interno de cada ser-corpo e alma.
Durante a terapia regressiva tudo é importante e carregado de conteúdo simbólico, independente do tempo em que esteja. O mais importante é o sentido que esse conteúdo tem na vida do Ser.
Estando o cliente rememorando sua adolescência, sua infância, sua vida intrauterina, um período entre vidas, outra vida, inimigos ou seres espirituais, nós, terapeutas, devemos respeitar e acolher essas memórias para serem trabalhadas na psicoterapia. O conteúdo é recheado de significados e, por consequência, de entendimentos que resultam em soluções para as mais inusitadas fontes de dor, desequilíbrios e doenças.
Desejo do corpo, aspiração da alma – esse é o conflito ao qual Hipócrates se referiu.
A terapia regressiva é um recurso da psicoterapia utilizado por profissionais habilitados, portanto, difere da terapia em si. Sendo assim, é importante ressaltar que acessar conteúdos sem trabalhá-los é acentuar um desequilíbrio.
Sabemos que o ser humano tem capacidade e habilidade de lembrar-se de fatos há muito tempo vivenciados. A memória é um recurso cognitivo que utiliza os sentidos para armazenar as experiências de toda a existência.
A terapia regressiva favorece ao Ser/paciente recordar e vivenciar fatos (muitas vezes registrados de forma distorcida), esgotando assim a tensão emocional desse núcleo de dor e dando um novo significado a ele. Trauma significa uma ferida aberta (dor emocional) infeccionada (carga afetiva intensa) que ao menor esbarro (gatilho) dói, levando a reações diversas e desproporcionais.
A terapia regressiva permite ao indivíduo higienizar sua ferida e curá-la com seus próprios recursos, recuperando a força despendida no momento traumático.
Sendo um trauma, uma ferida produz alterações funcionais.
No cérebro existem as amigadas (arquivos de momentos traumáticos) que armazenam a emoção vivenciada e sinalizam o perigo, enviando mensagem de sobrevivência. Assim, todo o conjunto cerebral envolvido se mobiliza para a proteção, dificultando a interpretação do evento. Quando há um gatilho, a carga emocional é acionada (sem a lembrança do fato), perdendo a capacidade de diferenciar o perigo. A atividade elétrica do cérebro é alterada, fica desordenada, produz irritação do funcionamento do hipocampo (autobiografia – história do indivíduo) e libera o hormônio do estresse. Logo, os dois lados do cérebro trabalham de maneira irregular, alterando o discernimento.
O terapeuta não é um juiz e sim um acolhedor dos conteúdos, que serão objeto da psicoterapia.
Como psicoterapeuta, utilizo várias ferramentas tais como a bioeletrografia, para verificar como está a energia gerada pelo cliente e os florais de Bach, para recuperar força e promover a homeostasia (recuperação da força vital). Recorro também aos conteúdos de sonhos para, depois, utilizar a terapia regressiva já com um endereço certo, sem dar voltas no passado.
A espiritualidade é uma condição do ser humano, a religião é uma escolha.
Estamos vivendo uma grande revolução científica e espiritual e nada pode ser ignorado, tudo precisa ser, no mínimo, observado.
One Comment
edson coutinho disse:achei f3tima as dicas goirtasa de poder ver mais alguns metodos de hipnotizar. Sou aspirante a me1gico e goirtasa de usar a hipnose para abrir mais a minha mente!!!!!!